É graças ao reconhecimento desse direito que hoje associamos lazer ao descanso, ao entretenimento e ao desenvolvimento pessoal. As férias e os tempos livres correspondem ao período do nosso tempo que nos dedicamos ao lazer. O lazer ganhou esta conotação, porque na sociedade moderna foi necessário compartilhar o tempo, medi-lo, espartilhá-lo para que se pudesse saber o quanto produzimos, o quanto rendemos e o quanto vale o nosso trabalho. Hoje, todos sabemos o que lazer nos oferece: repara o desgaste físico e mental causado pela tensão à qual estamos sujeitos diariamente; o divertimento fomenta a “higiene mental” que rompe com a monotonia do dia-a-dia e promove a criatividade; e o desenvolvimento pessoal pressupõe a descoberta de novas formas de sensibilidade e de atitude perante a vida.
O lado menos bom do lazer é a sua associação cada vez maior ao consumo e à massificação. Trabalhamos para que, entre outras coisas, possamos ter dinheiro para descansar, nos divertirmos e descobrirmos coisas novas sobre nós. Por isso há quem tenha férias, mas não as goze. E há os que podem ir ao estrangeiro todos os anos e os que nunca viram o mar (mesmo que vivam numa ilha). Por outro lado, o lazer passou a ser parte da moda, dos grandes movimentos turísticos e da oferta da mesma coisa em todo o lado. Por isso, vamos todos aos mesmos destinos de praia ou neve, comemos no mesmo restaurante, dormimos na mesma cadeia de hotel e bebemos a mesma bebida gaseificada. Ou seja, acabamos por nos desgastar a combinar, programar e comprar as férias, onde acabamos por fazer “mais do mesmo” e, por isso, por vezes regressamos com a sensação de que não vimos nada de muito novo.