No caso da Maria, embora não intencionalmente, foram sendo negligenciadas as suas necessidades psicológicas – a interação e afeto da mãe, a estimulação, atenção a problemas emocionais (por exemplo as decorrentes da ausência do pai) –, assim como as suas necessidades de segurança – supervisão, segurança física e prevenção de comportamentos de risco. Consequentemente, Maria acabou por crescer sozinha e por assumir demasiado cedo o rumo da sua vida, pelo que foi necessário protegê-la e garantir a sua segurança até que a mãe estivesse capaz de salvaguardar estas necessidades.
Acrescentar, ainda, o papel do CAFAP no momento de crise e de stress que a família vivenciou aquando do efetivo acolhimento residencial. Podíamos ficar-nos pela crítica, pelo julgamento ou pela culpabilização da mãe da Maria. No entanto, preferimos colocar-nos numa postura de suporte profissional e de compreensão pela sua história e vida familiar. Só desta forma conseguimos, enquanto comunidade e enquanto profissionais, caminhar lado-a-lado e permitir que as famílias se reinventem e encontrem novas (e mais adequadas) formas de cuidar das suas crianças e jovens.