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Conversa com especialista
Jorge Gato
Breve nota curricular:
Doutorado em Psicologia na Universidade do Porto, com uma tese sobre famílias formadas por pessoas LGBTQ+. É Terapeuta Sistémico e Familiar pela Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar e especialista em Psicologia Clínica e da Saúde, com Especialidade Avançada em Psicoterapia, pela OPP. Atualmente é Investigador no Centro de Psicologia da Universidade do Porto. Está convicto de que os/as psicólogos/as têm um papel imprescindível na sociedade contemporânea, quer a nível da promoção da mudança pessoal, quer da mudança social. Nesta medida, além do trabalho clínico e de investigação, intervém ativamente na defesa dos direitos humanos das pessoas LGBTQ+.
Um número crescente de pessoas LGBTQIA+ estão a formar família. Esta é efetivamente uma temática que tem ganho alguma visibilidade em Portugal, principalmente por via de alterações legislativas que passaram a proteger os vínculos existentes nestas famílias, a garantir a igualdade no acesso à adoção ou o acesso à procriação medicamente assistida para todas as mulheres, independentemente do seu estatuto relacional, da sua orientação sexual e das suas condições de fertilidade.
Inicialmente vistas com alguma desconfiança e alarme social na década de 1970, as famílias homoparentais depressa se constituíram como um foco de estudo da Psicologia, sendo este, portanto, um corpo de investigação com mais de 40 anos. Resumidamente, verificou-se, de forma consistente e reiterada, que são mais as semelhanças do que as diferenças entre famílias hetero e homoparentais.
No entanto, sabemos que as pessoas LGBTQIA+ e as suas famílias continuam a enfrentar desconhecimento, preconceito e discriminação, nomeadamente em contextos tão importantes como a escola, os serviços de saúde ou em situações de apoio psicológico e social.
Nesta medida, várias organizações profissionais como a Academia Americana de Pediatria, a Associação Americana de Psicologia ou a Ordem dos Psicólogos Portugueses têm produzido diretrizes que, além de incluírem informação cientificamente validada sobre as famílias homoparentais, encorajam os seus membros a ser competentes nas suas intervenções junto destas pessoas. Estas chamadas “competências culturais” compreendem três aspetos: conhecimento (i.e., compreensão das trajetórias psicossociais dos/as clientes), técnica (i.e., desenvolvimento de intervenções sensíveis às necessidades específicas destas pessoas) e atitudes (i.e., capacidade de refletir acerca dos próprios enviesamentos, pressupostos e limitações enquanto técnico/a).
Relativamente a este último aspeto, quer as linhas orientadoras da APA, quer da OPP, encorajam os/as psicólogos/as a reconhecer de que forma as suas atitudes e o seu conhecimento sobre as pessoas com identidades sexuais e de género minorizadas podem influenciar a avaliação e a intervenção junto destas pessoas.
Idealmente, esta diretriz ética dever-se-ia estender, na nossa opinião, a todas as áreas de atuação psicossocial, que envolvam o trabalho com crianças, jovens, pessoas adultas, famílias e comunidades.
As Aldeias de Crianças SOS são a maior organização do mundo a apoiar crianças e jovens em perigo ou em risco de perder o cuidado parental.
Acredite num mundo onde todas as crianças crescem em amor e segurança.
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