A razão pela qual relato estas histórias, é porque creio que podem convocar à consciencialização de que criar é uma forma de agir, uma forma de participar. Existe uma relação entre arte e ação – não apenas para o artista, mas também para o espectador/consumidor. A literatura exerce talvez esse efeito de um modo muito particular. Nesse sentido, Agustina Bessa Luís refere que “apenas os que leem e os que escrevem sabem ouvir”. E tal como já ouvi a ser dito por um jovem, para poder participar mais é preciso saber escutar. Disse ele: “não basta querer ajudar, é preciso saber escutar mais”. Mas também outras formas de arte, como as musicais, as plásticas, as performativas, são formas inegáveis de ação – individual, coletiva, cívica, social e política. Porque mesmo quando não as produzimos, mas apenas participamos enquanto espectadores, emprestam-nos a sensação de estar lá, de sermos nós quem está a agir.
Isto reforça a importância do papel, da função e acima de tudo da ação do adulto em todos os momentos da sua relação com a criança e com o jovem – mesmo quando a criança está apenas a assistir e não a produzir, ela nunca é espectadora passiva. Assim, promover a cultura junto das crianças e jovens de quem cuidamos é também cuidar da sua participação, pois importa sublinhar o concreto, mas também o simbólico e a metáfora na ação de cuidar do crescimento da criança. Fica assim completa a sequência lógica que aqui pretendo apresentar neste domínio da participação: a criação.